quinta-feira, 17 de março de 2011

A INTERVENÇÃO POLÍTICA DOS CIDADÃOS

Os cidadãos e a vida em sociedade são a razão primária para a existência da política, mas, por vezes, as pessoas parecem esquecer essa realidade. Não só os políticos quando estão no exercício das suas funções, como os cidadãos que vivem completamente alheados da vida política.

No entanto, a política não pode e nem deve ser confundida com a popular guerrilha político/partidária. A política é a apresentação e debate de idéias com vista à sua aplicação pela sociedade, seja ela de criação partidária ou individual.

Com a elaboração da presente obra, está-se a fazer política; ao participar numa manifestação está-se a fazer política; ao aderir ou não a uma greve, está-se a fazer política; ao apresentar um determinado projecto numa certa área social está-se a fazer política; ao opinar sobre uma determinada matéria de interesse colectivo, está-se a fazer política.... Todos os dias, todos os cidadãos, de uma forma consciente ou inconsciente, realizam actos políticos.

Porque deverá, então, a participação dos cidadãos nos órgãos políticos nacionais ser feita, quase exclusivamente, com recurso aos Partidos Políticos? Porque não poderá cada cidadão intervir nalguns desses órgãos por si, em representação de uma determinada camada da população?

Uma das camadas sociais que mais se distancia da vida política activa é a juventude. A realidade social dos jovens de hoje, não poderá ser comparada à de há dez anos atrás. A escolaridade aumentou, aumentando o número de conhecimentos; há uma maior consciencialização do resultado social de certas medidas que são colocadas em prática pelos Governos que, muitas vezes, afectam os mais jovens de forma incontornável; a educação em Portugal ainda é vista pelos governantes como uma prioridade de segunda linha; muitos jovens tiram cursos superiores e levam anos para conseguir um emprego na sua área e outros que não conseguem ir para as Universidades ficam anos à espera do primeiro emprego... As manifestações estudantis mostram que esses jovens já têm uma grande consciencialização política. Já sabem o que querem para a sua vida e para Portugal no seu todo.

Uma forma de aumentar a intervenção política dos cidadãos em Portugal é criando condições para que, desde jovens, os eleitores se interessem pela vida política activa. Actualmente, um jovem é criminalmente imputável a partir dos 16 anos, podendo ser decretada a sua prisão preventiva; um jovem com 16 anos pode casar e constituir a sua própria família; os jovem com 16 anos podem fazer parte das organizações políticas de juventude e desempenhar cargos dirigentes nas mesmas. Porque não poderão votar?

O gosto pela política activa, tem que ser incutido na juventude, ou então dificilmente vingará. Possibilitar aos jovens com mais de 16 anos a escolha dos seus governantes é atribuir-lhes confiança e sentido responsabilidade.

Por tudo o que já foi apresentado, é urgente que se proceda à alteração do regime político actualmente em vigor, no sentido de possibilitar um aumento da intervenção política dos cidadãos. Não se defende que essa alteração se proceda exclusivamente da forma como aqui é apresentada, mas se ela servir para a realização de um debate e se desse debate nascer algo de novo, ainda que completamente diferente, já terá sido cumprido o objectivo da sua elaboração.

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