quinta-feira, 17 de março de 2011

OS PARTIDOS POLÍTICOS

Os Partidos Políticos têm sido o centro, por excelência, de formação de políticos e de criação de políticas.

Inicialmente formados com base numa ideologia principalmente aqueles que chegam ao poder, sozinhos ou em coligações, esquecem frequentemente os seus ideais quando é chegada a hora de tomar decisões. Os ideais políticos, actualmente, estão em crise, não por as pessoas terem perdido o sentido utópico que se encontra em todas as ideologias mais puras, mas pela desilusão de verem os seus representantes a defender uma forma de política e a governarem sem que as suas medidas se aproximem, sequer, do seu objectivo ideológico.

Em Portugal, cada vez é menor o número de cidadãos que se tornam militantes dos vários Partidos e, dos que se tornam, a grande maioria não faz uma vida político/partidária activa. Basta olhar para a campanha eleitoral das últimas eleições, para ver que não existe a mobilização de outros tempos, sendo o desinteresse cada vez maior. Para esta situação, não será de duvidar que o facto de os Partidos prometerem umas coisas durante as campanhas e fazerem outras depois de ganhas as eleições terá dado um contributo decisivo.

Outro factor de afastamento e de desilusão entre eleitores e eleitos é o facto de as políticas dos dois maiores Partidos portugueses serem em tudo semelhantes, ainda que o seu ideal seja diferente.

Os últimos escândalos que têm envolvido figuras políticas e a posição que os respectivos Partidos que as apoiam têm tomado, não tem caído bem na opinião pública. Cada vez mais portugueses, vêm os Partidos como um “covil” de interesseiros que se apoiam e protegem uns aos outros, criando uma malha de impunidade que a todos abrange, fazendo com que esses, na prática, estejam acima das leis que os próprios criam e aprovam.

Também as guerras internas que o sistema político actualmente em vigor origina no seio dos Partidos, origina desmobilizações, afastamentos e desilusões que têm como resultado a diminuição do número de militantes. Também nos órgãos partidários, vale tudo na corrida por um cargo, inclusive a calúnia e o ataque pessoal. Os lideres muitas vezes saem das eleições internas mais fragilizados do que quando se decidiram a candidatar, sendo maior a desmobilização em torno dos mesmos.

O futuro dos Partidos, a manter-se o actual sistema político, não poderá ser bom. O afastamento relativamente aos ideais origina o afastamento dos militantes e, consequentemente, dos eleitores. Para bem dos Partidos, é urgente uma alteração do actual sistema político. É necessária uma maior divulgação dos ideais que os guiam e a apresentação de propostas políticas condicentes com esses ideais, não só quando estão na oposição, mas principalmente quando chegam ao poder. Um Governo apoiado por uma ideologia socialista, não pode dar mais valor a factores económicos do que aos factores sociais e humanos. Uma ideologia social-democrata, não pode governar de modo a que as classes mais desprotegidas estagnem ou regridam socialmente, enquanto as mais favorecidas são apoiadas.

Com o sistema ora proposto, terminando a luta interna por um lugar elegível numa lista de candidatos, os Partidos passarão a ser um centro de união de idealistas de uma mesma causa, onde todos realizam um trabalho desinteressado.

O tempo que actualmente os Partidos perdem a discutir nomes, poderia ser ocupado com uma discussão de idéias e de projectos, com vista à elaboração de programas de Governo Central, Regional, ou das Autarquias.

Por outro lado, a divulgação e a explicação dos ideais defendidos por cada força político-partidária possibilitaria um maior debate sobre os mesmos, aumentando o interesse dos cidadãos relativamente à vida política activa.

Com o fim das guerrilhas internas pela posse de um lugar elegível numa lista de nomes, aqueles que pretendessem ser candidatos a um órgão político teriam o apoio de todos os militantes e apoiantes do seu Partido e não apenas de uma facção do mesmo.

Novas idéias e projectos poderiam nascer nas suas sedes, voltando os Partidos a assumir o seu papel de formadores de gentes ligadas à política.

Ao ser dada a responsabilidade a um determinado Partido de indicar o nome daquele que irá formar o Governo Nacional e Regional, ou presidir à Câmara Municipal ou à Juntas de Freguesia, esse Partido estará a assumir um compromisso com os cidadãos. O compromisso de ele próprio fiscalizar o trabalho daquele que nomeou e de apoiá-lo através da apresentação de idéias e projectos condicentes com o seu ideal.

Como se pode verificar, os Partidos teriam mais vantagens do que desvantagens com a aplicação do sistema aqui proposto, o que já não acontece com alguns políticos que só se tornam candidatos a cargos de destaque pela forma como manipulam o seu próprio Partido. No entanto, antes de ser tomada qualquer decisão, há que não esquecer que os políticos passam e os Partidos ficam... A menos que a cegueira dos políticos, provocada pela visão estéril do seu próprio umbigo, encaminhe os Partidos para o abismo da sua extinção.

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